Agora são cinco horas da matina Abro a janela, desfolho as cortinas E observo a teimosia dos crédulos Vagueando sobre as ruas venenosas da aldeia Olho demoradamente para as moscas Que tão entusiasmadas acreditam Na possibilidade do diabo em ter que deixar Cair gotículas de mel entre as pegadas Que da sua pata vai marcando Olho demoradamente para os anjos da Nova Jerusalém E descubro que sou o único pecador da Galileia Fui aquele rebelde que tão cedo entendeu A angelicalidade dos crédulos Pela estupidez em forma de um país Este é o meu pecado, este é o meu crime Agora são doze horas da tarde Coloco o meu avental e procuro as chaves Que abrem o pomar de Deus para uma colheita de azeite Tranco o meu porão e pedalo uma bicicleta velha Vou andando procurando uma vila Por onde possa encontrar meninos Á volta das três cores satânicas E sem demora deparo-me com tantas almas possuídas Venerando ideologias e gritando tão alto o viva! Aceitando novamente as promessas prometidas Antes de terem nascido Aceitando um futuro após os cem anos Venerando o diabo no inferno E acreditando, que um dia, será não ele o propenso do mal Agora são vinte e duas horas Regresso a casa embriagado pelo fanatismo de um povo Caminho por debaixo de uma chuva Com o luar seguindo os meus passos As trovoadas manifestando os meus pecados E um conjunto de vento abana-me o cansaço De ter nascido numa estupidez Chego a casa e envolvo as minhas garras sobre a porta Deparo-me com uma chaminé acesa Entre as suas luzes tocava o canto do avante revolução Uma revolução obesa Uma revolução que não envergonha-se de ser a vergonha Uma revolução confundida com a história Hum, unção para os crédulos!