Disse-me assim, um poeta Num tom de voz descontente Pra que vale a terra nua Sem a mão de Deus presente? Vamos rezar e pedir O poder que vem de cima Selar o ventre que gera Pras futuras primaveras Não serem como as estrofes De um pobre verso sem rima Nasce lá, onde as codornas Os inhambus e as rolinhas Pousada em nosso terreiro Se misturando as galinhas Que nunca houve um disparo De um tiro, a ponta de asa Porque seus vôos rasantes Davam-me a leves instantes Contemplando a mão de Deus Pertinho da minha casa É a natureza, obras de amor Vamos manter a beleza Do painel do Criador Mas a mão, que por engano Mata sem necessidade Chegou lá nesse reduto E destruiu, sem piedade Fui pra rever as aves Nem aves, nem animais Ao empresto ar da graça Vi urubus nas garraças Vi jacarés que jaziam A beira dos pantanais Por isso peço aos mestres Que ensinem nossos meninos Que a fauna é ciclo da vida E a vida é sopro divino E a natureza espera Da mão do homem, o amor Que abran o seu coração Pra animais em extinção Não serem manchas de trevas No painel do Criador É a natureza, obras de amor Vamos manter a beleza Do painel de Criador