(Milonga) Dois olhos perdidos Além das paisagens Que a várzea me trás O rio estendido Remansos murmuram Palavras de paz Costeando o Jacuí Eu busco alento Minha palavra sofrida Meus olhos costeiros São dois pescadores Buscando guaritas Pegadas na areia Provocam a poesia De um peito aberto Me invade a alma A luz das palavras De um leito liberto Na ponte eu sinto Os versos chegando Nas águas do rio Meus olhos costeiros São dois fugitivos De um mundo vazio Se vai, se vai, se vai Nas águas do rio O meu coração Se vai, se vai, se vai Deixando nas águas A desilusão Andejo das águas Na alma do rio Procuro a esperança Me afaga a saudade Aos poucos navego Nas minhas lembranças De longe eu vejo as casas As ruas da minha cidade Meus olhos costeiro bem sabem Que lá se perdeu a igualdade