Clênio Bibiano

Olhos Costeiros

Clênio Bibiano


(Milonga)

Dois olhos perdidos
Além das paisagens
Que a várzea me trás

O rio estendido
Remansos murmuram
Palavras de paz

Costeando o Jacuí
Eu busco alento
Minha palavra sofrida

Meus olhos costeiros
São dois pescadores
Buscando guaritas

Pegadas na areia
Provocam a poesia
De um peito aberto

Me invade a alma
A luz das palavras
De um leito liberto

Na ponte eu sinto
Os versos chegando
Nas águas do rio

Meus olhos costeiros
São dois fugitivos
De um mundo vazio

Se vai, se vai, se vai
Nas águas do rio
O meu coração

Se vai, se vai, se vai
Deixando nas águas
A desilusão

Andejo das águas
Na alma do rio
Procuro a esperança

Me afaga a saudade
Aos poucos navego
Nas minhas lembranças

De longe eu vejo as casas
As ruas da minha cidade
Meus olhos costeiro bem sabem
Que lá se perdeu a igualdade