Nasceu E ao nascer Palavras de amor não foram ditas Cresceu E ao crescer Até em meio aos seus não foi bem vinda Sentia ao acordar A sensação de que aqui não era seu lugar Vivia a esperar Que um dia, lá de fora, alguém viesse lhe buscar Longe da via Láctea Onde pudesse se encaixar, enfim Abrir as suas asas Sem medo de cair Mas o tempo passou E com o tempo não se foram as feridas Aprendeu com a dor A sustentar a sua guarda sempre erguida Autônoma razão Que suprimiu do coração cada batida De nada adiantou Todo aquele vazio só poderia acabar Longe da via Láctea Onde pudesse se encaixar, enfim Abrir as suas asas Sem medo de cair Pensou E repensou Nenhuma rota lhe mostrou uma saída Não tinha a seu dispor Motivo algum pra chamar a vida de vida Chorou Como chorou Sentada sobre pedras Tinham histórias pra contar Então se levantou Fez delas um castelo E encontrou o seu lugar Ali na via Láctea Baixando sua guarda enfim Sem precisar de asas Sem medo de cair Curou Ele curou O amor de Deus cicatrizou toda ferida Mostrou Ele mostrou Que ausência do que for não define uma vida Contou Ele contou Que é breve esse hiato que os separa, ainda, aqui Um dia vai voltar Acima das estrelas vão poder se encontrar Além da via Láctea Além da via Láctea Além da via Láctea