Essa canção começa assim Sem sentido, sem pé nem coração Sem cabeça, sem jeito ou direção Sem que exista motivo pra ouvir Sem que haja razão para parar E prestar atenção no que se diz Uma frase com cinco palavras Existe pra não dizer nada Só quer é falar de si mesma Me-ta-lin-gua-gem Porque todo ser vivo tem direito De dizer o que quer numa canção Sem prosódia eu danço no contrapé Ei, Aposto, me chame o Vocativo Amigo do primo Imperativo E diga que não há verso branco Nenhum que me obrigue usar a rima Mas diga que vou subir lá em cima Eu deixei Pleonasmo me esperando Ele hoje vai tá me ensinando Que até rima pobre tem valor Eu me achava sem mãe, nem pai nem flor E hoje eu planto semântica num vaso Sem santo antônimo eu não caso Eu cultivo descaso pela dor Se eu cacofono sem amor Na escada eu me lembro sem distância Que eu aliterei a minha infância E voei vendo o vento virar brisa Quando ele chegar cê me avisa Só sei que ele agora não me escapa Nós nunca vai concordar com nada Que aquele sujeito sempre fala Ei, Aposto, me chame o Vocativo Amigo do primo Imperativo Pra vir me dizer como se sente Uma frase de duplo sentido Essa canção é mesmo assim Absurda, sem céu nem emoção Sem chão Sem porquê, sem ambição Como está para a estrada o avião Como está pro escritório a vocação Como está pro dinheiro ser feliz