Há um zumbido estranho Insistindo Uma sirene de velório Como aqueles apitos agudos Que só cachorros ouvem Como o grito dos soterrados Ou a poesia dos golfinhos É freqüência não reconhecida Língua nunca cadastrada Um trovão no horizonte É a explosão de ontem Choro de sequestrado Ou turbina sem avião É como o sinal vermelho para cegos Voz de líder sem multidão Vírus disparado de lan house Sem que haja conexão É como alerta de alto-falante Ecoando em salão vazio Tipo confissão de mudo Ou dar conselhos em latim São paulo em feriado Fazer festa sem vizinho Buteco em convento carmelita Domingo à tarde sem criança O timbre de voz do carlitos Sirene falsa de ambulância Guardinha sem apito Sala sem televisão O suspiro de adeus que emite A última estrela da mais distante constelação Jimmy hendrix sem luz elétrica Pavarotti com banquinho e violão Palhaço que não ri nem faz careta Um dj sem carrapetas Fazer gol sem ter torcida O best-seller na gaveta Falar em despedida Buzinar na contramão Sintoma em doente distraído Elogio de inimigo Desculpas de assassino Ou carnaval sem joãozinho Brigar sem dar um grito Amar sem ter tesão A cigarra que o verão anuncia Na esquina da paulista com a consolação Alarme de um banco na rocinha Pedir socorro no formato de canção