Hoje comprei o jornal Compro-o todos os dias Não para ler nem para eu estar informado É um vicio que detenho E que tal tenho Como um fado Depois sentei-me no café Na mesa do costume E ao empregado de sempre Pedi o habitual Um café e uma água mineral Passei os olhos pelo jornal Tomei un golo do meu café E num gesto decidido pus-me d pé Não tinha pressa nenhuma Ninguém ficava a minha espera Deixei na mesa algum trocado E arrumei a cadeira Sai então pra rua E fui pra casa de autocarro Desci na primeira paragem Para acender mais um cigarro Falei com toda a gente Ouvi vários testemunhos Tomei os meus apontamentos E escrevi uns gatafunhos Horas mais tardes, passeios Vão-se despindo de gente E uma luz pálida e serena Deixa a cidade doente Cai finalmente a noite E um silêncio sem fim Pouso a cabeça no travisseiro A lua olha por mim A lua olha A lua olha A lua olha por mim A lua olha A lua olha A lua olha por mim