Vou pela rua andando a toa Sobre mim cai a garoa Estragando o paletó E cada pedra,cada passo Do calçamento onde eu passo Me recorda que estou só Naquele morro tão distante La pras bandas do levante Onde o sol bate primeiro Deve estar por certo adormecida A razão da minha vida Da vida do meu pandeiro Lembro da mulata espreguiçando No batente assobiando No mesmo tom dos pardais Hoje sem amor e sem vontade Sou escravo da saudade Parceiro do nunca mais E a garoa mansa do suburbio Se transforma num dilúvio E eu não quero me abrigar Corre a chuva triste em minha face Peço a Deus que ela não passe Pra ninguem me ver chorar