Como garranos num prado como crianças no recreio sem culpa sem pecado sem decoro nem asseio como cometas lustrosos numa overdose de luz como dois cristos formosos juntos e ao vivo na cruz fomos amantes sem freio na curva dos dias derrapando sem receio na triste curva dos dias como um poente na praia em queda livre de Outono como o dançarino da noite cheio de fumo a de sono como o sonho adolescente que embate no mar real ao ver a paixão ardente perder-se no areal fomos amantes sem freio na curva dos dias derrapando sem receio na triste curva dos dias como o acto teatral da peça que tudo diz um Shakespeare total onde ninguém fica infeliz porque o amor se cansou acabar é então o preço só a tragédia é bonita só ela traz outro começo fomos amantes sem freio na curva dos dias derrapando sem receio na triste curva dos dias