2-0-0-3, O ano da peste negra Quem tiver ouvidos que ouça Quem tiver olhos que veja Eu falo com a boca de um profeta Em verdade Em verdade vos digo Os ventos que sopram pelos quatro cantos do planeta anunciam: A peste negra está viva! Viva! Dos pretos, pelos pretos, para os pretos, com os pretos Todo ódio à burguesia Dos pobres, pelos pobres, para os pobres, com os pobres Orgulho de ser da periferia A peste sobrevive No horror dos olhos da vítima Na quebradeira de côco babaçu E a fome de sua família No estudante de pequim lutando contra os tanques Na criança nordestina vomitando com nojo do yankee A peste ao moleque no morro do rio com fuzil na mão É a menina prostituída por um pedaço de pão É o corpo do sem terra que tomba por um pedaço de chão A peste negra é o espectro que ronda as mansões Ainda resistimos Nos mantivemos de pé E nem por um segundo reduziram a nossa fé A notícia corre solta pelas quebras Crucificaram o amor Mixaram com a guerra Mais-valia é palavra mágica pra uma vida trágica Intifada fada-madrinha da heroica nação palestina Amizade, poesia, resistência entre os trilhos Por onde corre, percorre, a locomotiva da vida.