Era uma noite estrelada de luar Os carros passavam em alta velocidade Sobre a pista negra iluminada pelas luzes de mercúrio Ela olhou para o relógio no alto da torre 23 horas e 15 minutos A noite envolvia o cais do porto Sentados na mesa do bar do armazém 42 Marinheiros lançavam âncoras no infinito Tatuagens de sereias Copos de rum e de cerveja Baforadas de cachimbo Ela se aproximou e, olhando fixamente para ele Entoou um canto Sou sozinha nesse mundo Vivo solta, sem ninguém Quero alguém para embalar Meus sonhos em alto-mar Ele era a cara do marinheiro Popeye Ela, os olhos do– Suas pernas trôpegas pareciam procurar Por algo que havia perdido (talvez a si mesma) E flutuavam num espaço aéreo Tudo muito disperso, tudo muito nublado Foi então que ela se aproximou E tentou lhe dizer com a língua Aquilo que o seu coração já gritava E veja-o: Era o amor! E logo ali o mar, o navio e a buzina que parecia falar É hora de partir! É, o mar só tem amor pra quem quer navegar!