O sol já abriu os óio No quintal já canta o galo Severino se levantou Toma café, fuma um cigarro Enxada no ombro, pé na estrada Vem cuidar do teu roçado Cava, me rasga, me revira Com o ferro de arar Eu abro o meu ventre Deixo a semente fecundar Recebo a pouca água Faço a planta germinar Conversa comigo todo dia Vai vendo a roça crescer Aos pés da virgem Maria Faz promessas pra vencer “Nos livre de toda praga Dai bons frutos pra colher” Com os olhos rasos d’água Olha o céu em oração O sol reina e castiga Sem cair chuva no chão O açude quase seco É quem salva a plantação Adubada e cuidada Minha missão eu já cumpri Fiz da semente o fruto Devolvo o que recebi Suor, dedicação E tudo que prometi Depois de toda colheita Vem a hora de repousar Ele me acaricia toda Deixa o tempo passar Depois volta contente Faz tudo de novo recomeçar