A viola e o violão Tá tocando sem Pará Fazendo a acompanhação Pro compasso não Pará Pra minha satisfação Ver a viola repicá E com dois violeiro bão Dá gosto a gente cantá Dava até pra cantá bonito Mas eu vou falá com o Dito Senão o tempo não dá O Ditão veio contando Na frente desse pessoá Diz que foi me encontrando Deitado no meu quintá Diz que eu tava catingando E fedendo que nem gambá Ele tá me rebaixando Para o meu valor tirá Ei, esse feição de caipira O valor que ocê me tira Vem o povo e torna dá Eu já conheço o Ditão De um certo tempo pra cá Sempre foi um caipirão Que assina male má Lá no bairro do Varejão Ele foi criado lá Acho que nem tem religião Nem deve sabê rezá Aqui ele até chegô dizê Que no dia que eu morrê O diabo vem me buscá Que eu vou desaparecê No dia que me guardá E o Ditão quando morrê Quando o Dito estrebuchá Sepultura não vai tê Porque ele largô de pagá Na mesa ocê vai fedê Nóis vamo tê que aguentá E você pode tê certeza Ocê vai ficá na mesa Pra Prefeitura enterrá Se a Prefeitura não vim E nóis vamo tê que estudá Nóis mesmo pega o Ditão Enterra em quarqué lugá Nóis leva de caminhão Onde ninguém pode achá Mais pra pôr o Dito no chão Sete parmo não vai dá E pra enterrar o vagabundo Se não enterrá bem fundo É capaz dele vortá Se não for bem enterrado É capaz dele vortá Sepurtá o desgramado Ele vai querê escapá Se enterrá o Ditão deitado Ele vai querê sentá Se de pé for enterrado Pra cima vai cavocá Então é a solução que eu acho Pôr de cabeça pra baixo E por cima concretá Eu também já me informei Procurei me informá No inferno o diabo é rei É ele que manda lá Me dissero que o capeta Usa uma barbicha preta Dois chifre iguár baioneta Para os outro cutucá Falaro que ele é marrudo Mas pra lidá com o chifrudo Um jeitinho eu quero dá Quando no inferno eu fô E com o diabo eu me encontrá Levá minha traia eu vô Eu quero me prepará E dentro da minha traia Eu vô levá uma navaia Faço a barba do canaia E o bigode eu vô raspá Também vou levar uma sequeta Serro o chifre do capeta Só pra vê no que que dá Quando o diabo oiá no espêio O diabo vai estranhá Vai vê que ficô tão feio Com vergonha vai ficá O diabo fica chateado E vai-se embora de lá Deixa o trono abandonado E eu fico no seu lugá Eu fico sentado no trono Do inferno eu fico dono E do Dito eu vô judiá Agora vô terminá Tá na hora de Pará O momento tá chegando De ver Carrara cantá Obrigado Toninho Urbano O Daniel obrigado iguá Violeiro que tão tocando Deus que pague em meu lugá Também da maneira que eu ideio O Mané do ferro veio Que pagô pra nóis gravá