Imagino o artista num anfiteatro onde o tempo é a grande estrela vejo o tempo obrar a sua arte tendo o mesmo artista ao seu feitio. Modelando o artista ao seu feitio o tempo com seu lápis impreciso põe-lhe rugas ao redor da boca como contrapesos de um sorriso. Já vestindo a pele do artista o tempo arrebata-lhe a garganta o velho cantor subindo ao palco apenas abre a voz e o tempo canta. Dança o tempo sem cessar, montando o dorso do exausto bailarino trêmulo o ator recita um drama que ainda está por ser escrito. No anfiteatro, sob o céu de estrelas um concerto eu imagino onde, num relance, o tempo alcance a glória e o artista, o infinito.