Cida Moreira

Lampião de Gás

Cida Moreira


Lampião de gás, lampião de gás, 
quanta saudade você me traz. 

Da sua luzinha verde azulada, 
que iluminava a minha janela, 
do almofadinha lá da calçada, 
palheta branca, calça apertada. 

Do bilboquê, do diabolô, me dá foguinho, vai no vizinho 
de pular corda, brincar de roda, 
de benjamin, jagunço e chiquinho. 

Lampião de gás, lampião de gás, 
quanta saudade você me traz. 

Do bonde aberto, do carvoeiro, 
do vassoureiro com seu pregão, 
da vovozinha muito branquinha, 
fazendo rosca, sequilhos e pão. 

Da garoinha, fria, fininha, 
escorregando pela vidraça, 
do sabugueiro grande e cheiroso, 
lá do quintal da rua da Graça. 

Minha São Paulo, calma e serena, 
que era pequena mas grande demais, 
agora cresceu, mas tudo morreu, 
lampião de gás, que saudades me traz. 

Lampião de gás, lampião de gás, 
quanta saudade você me traz.