Cida Moreira

Chuá Chuá

Cida Moreira


Deixa a cidade formosa morena 
linda pequena e volta ao sertão 
beber a água da fonte que canta 
que se levanta ao meio do chão. 

Se tu nascestes, cabocla cheirosa 
cheirando a rosa do peito da terra 
volta pra vida serena da roça 
daquela palhoça do alto da serra. 

E a fonte a cantar, chuá-chuá 
e as águas a correr, chuê-chuê 
parece que alguém que cheio de mágoa 
deixasse quem há de dizer a saudade 
no meio das águas rolando também. 

A lua branca de luz prateada 
faz a jornada no alto dos céus 
como se fosse uma sombra altaneira 
da cachoeira fazendo escarcéus. 

Quando a luz lá na altura distante 
loira ofegante na fonte a cair 
dá-me essa trova que o pinho descerra 
que eu volto prá serra 
que eu quero partir. 

E a fonte a cantar, chuá-chuá...