Saíram dois nordestinos do sertão da Paraíba Tocar roça de "à meia" no estado de Goiás A coisa lá tava feia, plantavam, mas não colhiam Porque a seca consumia, o prejuízo era demais Eles ouviram falar que por esses lados de cá Tudo que se planta colhe, porque no tempo certo chove E o jeito foi se mudar Se instalaram num sítio onde arrumaram serviço E foram bem recebidos por esses lados de cá Eram dois crentes teimosos, nunca vi ninguém igual Se dissessem: “Pau é pedra!”, nem mesmo que a vaca tussa Do lugar ninguém se arreda, pedra tinha que ser pau Mas eram trabalhadores, homens de muitas virtudes Estudiosos da Bíblia, destemidos de atitude Se tudo aqui correr bem e a vida melhorar No meio do ano que vem vamos voltar pra casar Um se chamava Raimundo e o outro Juvenal Se chovesse canivete, nem assim Nenhum perdia escola dominical Apesar de ser distante e tinham mesmo de ir a pé Se levantavam mais cedo, mas perder ensinamento Nenhum domingo sequer Num determinado dia quando iam pelo caminho Bem no meio da estrada tinha uma cobra dormindo Quando se aproximaram a dita cobra acordou Deu um bote em um deles, mas ele se desviou Por pouco o irmão Raimundo já não estava com o Senhor Mas encontraram um pau e mataram a serpente Começou a discussão, coisa feia para crente Quase acontece desgraça quando um deles disse: “É cascavel” e o outro: “É jararaca!” E a coisa ficou feia, nenhum voltava atrás -A cascavel tem chocalho e a jararaca, jamais! E um ficou de mal com o outro, foram de mal pra igreja Mas a escola foi mudada por causa da Santa Ceia Mas tomar ceia de mal não é correto pra crente Foram falar com o pastor pra resolver o incidente Disse o pastor: “Meus irmãos, precisam reconciliar Tomar ceia desse jeito, sinceramente não dá” -Irmão Raimundo, perdoa o seu irmão Juvenal? -Pastor eu vou perdoar porque quero entrar no Céu Porém não arredo o pé, a cobra era cascavel! -E o irmão Juvenal perdoa o seu amigo Raimundo? -Vou perdoar só porque não quero ficar no mundo Ficar aqui sem Jesus realmente é uma desgraça Mas não retiro a palavra, a cobra era jararaca!