Em abril m-águas mil Trago-as mil Afogo-as nas mil Águas das memórias mil Do martelo e da foice Foi-se a liberdade e ficou o dia Do martelo que já não bate Da foice que não ceifa, da cantiga Que não pia a não ser naquele dia De abril Abril m-águas mil Trago-as mil Afogo-as nas mil Águas das lágrimas mil De quem a fome ameaça ser vil Servil nação onde pão lê-se sem til Lê-se pão Dos políticos cara de pau Daquele euro que é o Dobro de cem paus, dos polícias Que descarregam pau, num povo Agarrado ao pau de abril Abril máguas mil Trago-as mil Afogo-as nas mil Águas das caras mil De quem a luta ameaça-se febril Fabril nação localizada depois Um des lê se deslocalizada Das fábricas, das decisões, das divisas Que se abatem sobre a terra A-parentesis-en-terra a quem as cultiva Lê-se enterra a quem as cultiva Das couves que são de Bruxelas Do alho que é francês Do presunto de Baionne Das salshichas de Frankfurt E um bouquet de flores de Holanda Para enterrar abril Abril máguas mil Trago-as mil Afago-as nas mil Águas das cores mil Desse arco iris pouco primaveril Das cores que se debotam de Significado Do verde sem esperança debitado No recibos Num laranja pôr do Sol da Liberdade Num rosa anoitecer da justiça E num vermelho derramar da Igualdade E um azul e amarelo renascer do Patriotismo salgado e azarado Acinzenta-se o tempo para este 1º de maio, e rejuvenesce-se a Fúria do dez de junho Dum país que cortou os pulsos Mas esforça-se para erguer o punho Abril máguas mil Trago-as mil Afogo-as nas mil Muitas mil que nesse dia Estarão nas ruas da amargura Celebrando abril