Christiano Raynor

A Máquina, Eu

Christiano Raynor


Eu, muitas vezes me pergunto como foi que eu cheguei até aqui
Sobre o que eu penso, o que sinto e quero, só estando dentro de mim

Mas pra entender de vez o que sou é melhor parar e sentar
Tem muita desordem, mas rumo pro norte
Mas um norte que eu não sei aonde está (eu sei bem aonde está)
Não fujo do corre, não brinco com a morte
Pois toda noite eu tenho que voltar (pra manter tudo no lugar)
A pressão é forte, a saúde é a sorte
Pra batalha bem aqui a me encarar

Pronto pra fazer, realizar, ajudar, proteger, preocupar
Atento a tudo eu sigo, lenha na caldeira pra me alimentar
Apto a refazer quando não dá certo, repetir até conseguir acertar
Sem tempo pra ver o tempo passar, às vezes acho que até faço ele parar
Não paro, não canso, resisto
Insano, inumano, insisto, onde está o botão pra desligar?

E nesse rolê frenético pela obrigação de ser
Não percebe o quão raro é, não ele, mas o que se dispõe a fazer
E na correria cega se sente pleno, mas nunca absoluto
Pois mesmo com todo brilho no olho, é seco, torpe, inerte, quase bruto

Sim, quantas vezes me esforço pra entender porque funciono assim
Eu que não quebro, não canso, regenero, existe uma máquina em mim

Mas pra entender desse motor é melhor traduzir o manual
Ossos de aço e tendões de cabo e nos ombros um peso surreal
Recomeçar, carregado ou não, nunca tive um setup pra parar
Cavalo vapor, dínamo, rotor, sou como uma máquina de amar

Pronto pra fazer, realizar, ajudar, proteger, preocupar
Atento a tudo eu sigo, lenha na caldeira pra me alimentar
Apto a refazer quando não dá certo, repetir até conseguir acertar
Sem tempo pra ver o tempo passar, às vezes faço realmente ele parar
Não paro, não canso, resisto
Insano, inumano, insisto
Não paro, não passo, não posso
Revivo, reviro, reativo
Não paro, transpiro, inspiro
Instável, humano, desisto, onde está o botão pra desligar?