Chipanzés de Gaveta

Antônio Torto

Chipanzés de Gaveta


O abraço de antônio era torto
Seu coração era fino
Mirrado de alegria
Não tinha uma noite em que ele não mentisse
Durante o dia não andava
No máximo descia.

Rápido dois cafés na padaria
Às vezes um pão sem manteiga
Sem sorriso, sem muita conversa
Pagava em moedas
Porque papel era para escrever
E ele escrevia
Às 5 dormia, escrevia

Toda noite é para rasgar
Infectando de sabores
O que não tem gosto
Feliz de quem gozar

Não usa máquina, não se usava
E todo dia chovia
Ele achava sim
Sim, que o céu estava lindo
E sobre ele não escrevia
Ela descia torta sobre a cidade
Era grossa se excedia

E não tinha uma noite em que ela não caísse
Quando descia, corria rápido
Lavava cortando peles e bueiros
Sem manteiga, sem sorriso
Sem muita conversa
Recebia em moedas
Porque papel quando molha
Só entope e se excedia