No pergaminho do rosto O tempo escreve sua história Cada ruga, um desgosto Um retalho da memória Minha vida já foi rio Hoje não passa de um brejo Da lembrança eu puxo um fio No meu canto sertanejo Coração feito de barro De amor é quase um oco E por isso eu sou avaro Outras vezes sou barroco Remendei a minha alma Costurando com embira Cantoria me acalma Na viola caipira Garimpei prata da lua Diamante procurei Burilei sabedoria Que na lida encontrei Na poeira do caminho Passa boi, passa boiada Quem não gosta de si mesmo Perde o rumo na jornada