Teve fuá no chiqueiro Tem muito bode no chão Foi coisa feia o piseiro Coisa de arte com o cão Coisa de unha e de dente Rastro de sangue é a prova Contra as defesas da gente A sombra da Lua nova Dezesseis unhas punhais Caninos, lanças certeiras Os pelos de palha seca Disfarce de feiticeira Sertão sem fim seu reinado E o cangaceiro a respeita No leito seco passou Na loca escura se deita Suçuarana rondou Lá nas barrancas do rio O tronco do angico marcou Deixando as garras no fio A dinastia honrou E o sertão segue sua lida Cada caçada precisa Mantém o equilíbrio da vida São vinte unhas pincéis As pernas, perfeita escultura Olhar de animal de rapina Cabelos negros, noite escura Exerces em mim seu reinado Tua pele tem o que me deleita O vento da noite esfriou Na cama quente se deita Onça morena rondou Deixando o quarto bravio Teu território marcou Com as garras de onça no cio Servo, me rendo à nobreza E à minha Deusa me entrego Cada caçada precisa Asas que erguem o meu ego