Chico César

Surdos de Escola de Samba

Chico César


Os surdos das escolas de samba
Expandem o grave do coração
Os cegos das escolas de braile
Esfregam os dedos noutra canção

Um doce de amor aos pedaços:
Abacaxi, canela e limão
Encontram na boca o espaço
Ao que se presta a sua função

É lindo, vai derreter

Os mudos das escolas de canto
Esguelham-se em mais um refrão
E os mancos das escolas de baile
Dançam até gastar o chão

Eu mudo sem os pés nos tamancos
Absurdo com as canelas no céu
Aberto nas janelas do peito
Me aperto nesse abraço seu