Você que vai ver ao concerto com seu fraque Não vê o homem caído na onda do crack Nem enxerga as trevas que descem sobre a estação da luz Tá feliz pois há concerto nesse mundo Mas no fundo no fundo sabe o desconserto imundo Que mais une que separa a fortuna e a sorte avara Sim cara você meu caro é O homem estendido sob o cobertor puído Sim cara você é a máscara De um Deus impiedoso e indiferente A gargalhar do azar aziago Dessa gente que se sente nem devia ter nascido Depois vai com os amigos a um restaurante chique No banheiro dá um tiro que é pra manter o pique Mas apoia que a polícia mate traficantes da favela Preferiria claro viver num país mais rico e civilizado Pois é duro e baixo-astral O atraso desses pobres lado a lado Com o sonho burguês véI que você vive agora Sim cara você meu caro é O homem estendido sob o cobertor puído Sim cara você é a máscara De um Deus impiedoso e indiferente A gargalhar do azar aziago dessa gente Que se sente nem devia ter nascido A caminho de um bar de jazz, cruza putas decadentes travestis Trava o dente aperta o passo pra evitar contato com esses seres vis Prefere sexo sujo na internet e até arrisca uma casa de swing Adora o carnaval baiano mas odeia nordestinos E também detesta trans, pois não sabe se são moças ou meninos É esse é um tempo insano pra um homem de bem mostrar a cara Sim cara você meu caro é O homem estendido sob o cobertor puído Sim cara você é a máscara De um Deus impiedoso e indiferente A gargalhar do azar aziago dessa gente Que se sente nem devia ter nascido Sim cara você meu caro é O homem estendido sob o cobertor puído Sim cara você é a máscara De um Deus impiedoso e indiferente A gargalhar do azar aziago dessa gente Que se sente nem devia ter nascido