Nem assaz alhures e antanho Era um evento tamanho A sagração nupcial Vinha a noiva de gargantilha Caçoleta e rendilha Diadema e torçal Mas se houvesse algum embaraço Dera a moça um mal passo Quanto horror e desdém Ela ia parar no convento Ia dormir ao relento Ou deitar nos trilhos do trem Do pudor da noiva a bandeira Após a noite primeira Desfraldava-se ao sol A sua virtude escarlate Igual brasão de tomate Enobrecendo o lençol Mas se não houvesse tal mancha É que outra mancha mais ancha Se ocultava por trás E o rapaz pagava o malogro Com a vendeta do sogro Ou com a malícia dos mortais ``Oh meu pai, oh meu pai, por favor Condenai o nosso amor De langor e luxúria! Mas poupai, oh meu pai Nosso filho Da fúria do Senhor!'' O guri nasceu apressado Nem um mês de casado Tinha quem o gerou Quando o pai caiu nos infernos Foi nos braços maternos Que ele se pendurou Quando a mãe caiu na sarjeta Foi seguindo a opereta Na garupa do avô Quando o avô caiu do cavalo Foi chorar no intervalo E mais um ato começou Palhaço, corista Trapézio, dançarina Maestro, cortina É fé na flauta e pé na pista