Chão Vermelho

Levanta-te

Chão Vermelho


Deixe me ver se entendi você
Que garantiu que aqui não seria invadido
E me acorda antes da noite acabar
Pra avisar que viu inimigos lá fora

O estalo lá fora, o ruído é ruim
O açoite no passo acelera o aço
Monte de crinas e derrapa a espada
A relva é ferida por pisadas de ferro

Foi deixado ruinas onde já passou
Mão e pernas voando e a listra
Que escorreu pelo rosto do opressor
Quando era tarde e já não tinha mais volta

Não muito longe dois se cumprimentam
Tudo ao redor ver que é bom cumprimentar
Dois se grudam pra fazer um terceiro
Que depois vem com tudo acabar com a lei

Crias em cisma vêm com varas e paus
Com sangue no olho e coração partido
Outros se arrastam sem poder lutar
Mas mesmo assim não desistem do ideal

..............................................................................!

Quantos não ganharam o seu dia e vai perder
Em um segundo por um simples metal
Em toda história é prático recordar
O jogo sujo do bem e do mal

Turrões se ajuntam pela febre da marra
E esses daqui parecem um só
Ali não vem flautista, nem dançarina
Pois é fim da estrofe e não cabe um pouco mais

Puxe o pino, jogue o cinturão
Erga o ombro, olhe para o lado
“Tanja” a mosca na cabeça da égua
Faça reparo, aperte o “estribilho”

Suspire o último folego dessa vez
Regule o trotar dos animais
Dirija o peito para a fortaleza
E veja que eles todos são como vocês

Uma águia em rasante vem do céu
E pousa em um dos braços ali no meio
Um recém nascido não sabe de sua sorte
E acha graça de cima da torre

..............................................................................!

De meia volta pra ver como tá atrás
E veja nada, pois tudo virou um poeirão
Cambaleie, encare o que vai enfrentar
A incerteza incurável por ali

Jogos de cintura, danças e rapidez
Pegada traiçoeira, norma e demência
Sombra ao ar livre, metragem na capoeira
E o sopro que se divide no estilete

Escudo ao chão, tristeza e perda.
Partes derramadas suspensas no azar
Aperto maldito, rinchado “moribundo”
Outra fileira pronta pra atacar

Carreira desgovernada, fim do “bate cum”
Dedo fatiado pra não dizer que é a mente
Golpe enfraquecido como quem não tem vez
Ali não ponte é onde morre mais

Maestria elegante lembra o fim dos zeros
Do cabo da espada que pegou em um dos “enfrentantes”
Não se pode julgar quem ainda não fez nada
Nem dar a devida importância

Agora pouco foi lembrado o Beiço de Onça
O palhaço brincalhão das 19h
Que fala sério com um tanto ódio
E vem com eles com um estoque de armas

Outro vem aflito quente por falta de ouvido
Percorreu um trecho só pelo impulso
Segurando uma bandeira de sangue
E a inconveniência da linguagem

Dias na floresta, dias no deserto
Dias na praia, dias no nordeste
Dias a viver, dias a morrer
Por uma decisão do sim ou não

Calma e agitação, nada pra fazer
Tudo pra acertar, sem tempo pra resolver
Observar pode ser crime... ou livro
Quando quem viu não deteu o absurdo

Uma multidão deles vem vindo com desordem
Espalhados em todo o arredor
Atraídos pelo fim pra um começo
E nossa gente que lhe tanto confiou?

Estamos cercados
Quase sem saída
Eles não têm piedade
Matam pelo embalo

Convoque a todos que tem defesa
Faça uma barreira em toda a muralha
Além de tudo, muita força de opinião
Pois o medo não traz boa sorte

E diga adeus quem não puder voltar
Tua sentinela vai guardada em quem consegui
Você botou teu peito contra a espada
Teu passo forte balançou a terra firme

Não pare, não pare!
Não fuja do que é justo!
O corpo vai ser despedaçado
Mas a alma fica!!