César Passarinho

Milongueando Essas Lembranças Tuas

César Passarinho


Ouço um ponteio em bondoneiros mágicos
Me vara a alma ranchos meus outonos
Vai me levando do meu corpo longe
Vai refazendo os bons momentos tantos
Eu saio e cruzo a porta do meu tempo
Buscando invernos, vento, sóis e luas
Me perco além dos meus limites tolos
A procurar essas lembranças tuas
Com muita ternura prolongar as horas
Que a madrugada milongueira atenta
Calando os grilos e acalmando as sangas
Na noite clara que se arrasta lenta
O quarto então passa a viver de sonhos
As mãos indóceis a buscar carinhos
Todos recantos suplicando amores
Todos gemidos a indicar caminhos
E mais, e mais, esses murmúrios roucos
Embalam corpos, vão ganhando pressa
E o amor explode por galopes loucos
Pedindo beijos, juras e promessas
E depois se achega a quietude mansa
Tudo se acalma, cenas de magia
E a Lua cheia pousa sobre o rancho
Que adormece pra esperar o dia