Ouço um ponteio em bondoneiros mágicos Me vara a alma ranchos meus outonos Vai me levando do meu corpo longe Vai refazendo os bons momentos tantos Eu saio e cruzo a porta do meu tempo Buscando invernos, vento, sóis e luas Me perco além dos meus limites tolos A procurar essas lembranças tuas Com muita ternura prolongar as horas Que a madrugada milongueira atenta Calando os grilos e acalmando as sangas Na noite clara que se arrasta lenta O quarto então passa a viver de sonhos As mãos indóceis a buscar carinhos Todos recantos suplicando amores Todos gemidos a indicar caminhos E mais, e mais, esses murmúrios roucos Embalam corpos, vão ganhando pressa E o amor explode por galopes loucos Pedindo beijos, juras e promessas E depois se achega a quietude mansa Tudo se acalma, cenas de magia E a Lua cheia pousa sobre o rancho Que adormece pra esperar o dia