O meu Deus é um índio pampa e na minha bíblia sagrada Tem versos do velho Jayme que era mais que um payador As minhas rezas eu faco no altar de um corredor Onde purifico a alma com os mandamentos da estrada Sou crente no que acredito fazer bem pros meu anseios Tenho fé nas benzedura e nos rituais primitivos O guardião que me protege troteia a baixo de estribo E apenas fico de joelho em cima dos meus arreios Com osteas de lua e sol alimento a minha razão Me liberto dos pecados me permitindo sofrer Pagando sem me dar conta para depois entender Que o valor de um sacrifício esta nos calos das mãos Sou seguidor da doutrina pregada pelos galpões Em cultos ao pé do fogo onde os mais tauras repassam Ensinamentos de campo fundamentos que adelgaçam Saber de jujus que curam e da baba dos redomões O templo que me domina abriga mesmo sem teto Erguido de pedra ou taboa para mim é catedral Mangueira dos batizados santuário do peão mensual Que aprendeu por este centro ter o mais crioulo afeto Esta é a minha religião com ela sempre me afasto Dos males que fazem rondas na fúria dos atropelos Meu terço tem 4 tentos rezados sempre com zelo E o santo mais evocado é o santo Tonho do Basto Talvez por eu ser devoto de imagens que não se adora Eu penso que a minha crença tem um sentido mais manso O meu Deus é um índio pampa e esta nas coisas que alcanço E me ensinou que é preciso amar por dentro e por fora