Na noite grande gaguejava um bandoneon Vim no rastro deste som, pra baila de cola atada. No rancho velho barreado, tava fervendo o surungo Eu atei meu matungo bem debaixo da ramada. Na porta tinha uma "parda" metida a facão sem cabo E um "negro brabo", com fama de "revolveiro". Do tipo que numa rusga bota fogo pelas venta Quem não agüenta não se meta a "bochincheiro". Mas acredito no santo que me protege não sou herege, confio em mim e nos meus E numa adaga, bicuda, cabo de prata Que se nã mata encomenda a alma pra Deus. Me toca um tango, paysano, me toca um tango Ou vai no mango ou vai no grito de "ala-pucha", Me toca um tango, pra "mode" dança cortado Que um bochincho no meu pago é festa de gente gaúcha. Tirei a filha mais nova de um tal de "Acácio" Sai firme no tangaço, apertando a "tianga" do meio E o "negro brabo" não gostou do desaforo Me atropelo, feito um touro, e o tempo se parou feio. Detesto macho ciumento que por china se descamba Já tinha metido uns "samba" que deixei lá nas macega, Foi bem assim de vereda, fedeu a "água de bucho"" Porque um gaúcho morre seco e não se entrega. Pala num braço e na outra mão minha adaga Por nada estraga esta reunião de caranchos Que tastaveando na escuridão se pechavam Enquanto me procuravam eu botei fogo no rancho.