Quando pealo uma milonga, sou céu estrela e caminho Com um coração caborteiro, costeando as cordas do pinho Sinto o apelo da terra, que anda no vento a vagar E ouço a voz de um ancestral, me pedindo pra cantar O sereno se transfigura, e o vento fica parado Quando escuto uma milonga, pastando no meu costado Em qualquer sinal de fogo, onde pousou um campeiro Tem um rastro de milonga, de algum cantor galponeiro Parafraseando larralde, cantor com voz de clarim Eu também nasci na pampa, num ranchito de capim E até o bufido dum potro é uma milonga pra mim Quando eu pealo uma milonga, na inspiração abro um rombo E enxergo um touro berrando, atirando terra no lombo Assim nessas noites pampas, faiscando pirilampos No topo de uma coxilha a milonguear eu me acampo No abraço da minha vinguela, as garças voam em bando E no potreiro das seis cordas, vão potros escramuçando Por isso corredores, quando a estrada se alonga Ando eu a minha guitarra, no rastro de uma milonga