César Oliveira e Rogério Melo

No Rastro de Uma Milonga

César Oliveira e Rogério Melo


Quando pealo uma milonga, sou céu estrela e caminho
Com um coração caborteiro, costeando as cordas do pinho
Sinto o apelo da terra, que anda no vento a vagar
E ouço a voz de um ancestral, me pedindo pra cantar        

O sereno se transfigura, e o vento fica parado
Quando escuto uma milonga, pastando no meu costado
Em qualquer sinal de fogo, onde pousou um campeiro
Tem um rastro de milonga, de algum cantor galponeiro

Parafraseando larralde, cantor com voz de clarim
Eu também nasci na pampa, num ranchito de capim
E até o bufido dum potro é uma milonga pra mim

Quando eu pealo uma milonga, na inspiração abro um rombo
E enxergo um touro berrando, atirando terra no lombo
Assim nessas noites pampas, faiscando pirilampos
No topo de uma coxilha a milonguear eu me acampo

No abraço da minha vinguela, as garças voam em bando
E no potreiro das seis cordas, vão potros escramuçando
Por isso corredores, quando a estrada se alonga
Ando eu a minha guitarra, no rastro de uma milonga