A gaita empeçava um choro num floreio debochado o baile tava enfezado china, cachaça e namoro quando se ouviu um estouro bem no meio do salão apagaram o lampião e um teatino gritou: jogo! e saltou cuspindo fogo já manoteando o facão ninguém sabia quem era nem tão pouco de onde veio boi-ta-tá de algum rodeio alma de alguma tapera ou talvez quem sabe um cuéra com fama de cabortero quem sem rumo e paredeiro se perdeu na volta feia pois a vida é uma peleia que nos torna bochincheiro Foi marcada por desgraça aquela maldita noite ninguem esquece o açoite daquela rusga machaça templada pela fumaça e pelo estouro dos ferros contra-punteando com os berros dos que apanhavam de graça A vida muy poco vale les digo nesse relato mas quem tem corpo de gato mostra que tem credenciales se apotra entre os baguales que só dependem da sorte quando a incerteza da morte se acolhera a outros males Foi ai que o índio touro mostrou ter parte com o diabo agarradito no cabo de um facão marca besouro quando largava de estouro o coração dava um pulo e as vez largava de culo cortando por desaforo O choro do chinaredo e o alvoroço dos machos evocaram anseios guachos e perpetuaram segredos pois entre a raiva e o medo sempre hay algo que atormenta pois muita gente sustenta o peso daquela carga lembrando da noite amarga inté a alma se lamenta O sangue frio e a coragem e os olhos incandescentes demonstravam que o vivente era mais do que um selvagem que só tinha por bagagem a própria estampa de guapo mescla de bugre e farrapo qua acha a vida uma bobagem E assim se foi como veio quando saltou porta afora quem a tantos ignora faz parte de um mundo alheio então pensando eu creio porque não seria o cuéra alma de alguma tapera boi-ta-tá de algum rodeio