A intempérie quem vem da banda oriental Se dando volta, arrepia o firmamento Pois o inverno que mete a cara e se ajeita Trás seus anseios no contraponto dos ventos Essa lâmpana que pede boca e se agranda Virando o pêlo do eguedo na manada É a promessa de que o tempo será malo Templando enchentes e a aragem fria das geadas Essa lâmpana que pede boca e se agranda Virando o pêlo do eguedo na manada É a promessa de que o tempo será malo Templando enchentes e a aragem fria das geadas Mais uma vez, os ranchos pobres da fronteira Serão trincheiras dos índios de sangue quente Porque o inverno, desta vez, será bagual E, aos pouquitos, vai castigando esta gente Sorte, paisano, pois não falta um fogo grande Que tenha brasa de sobra pra dois parceiros Quem acolhera corpo e alma às labaredas Sabe que o frio jamais entangue um fronteiro Sorte, paisano, pois não falta um fogo grande Que tenha brasa de sobra pra dois parceiros Quem acolhera corpo e alma às labaredas Sabe que o frio jamais entangue um fronteiro Então, mateio num rancho que fiz pra dois Pena que tantos não tenham a mesma sorte Porque o destino é uma tormenta muy braba Que aquebranta quem não tem um corpo forte Mas, menos mal, que a primavera é uma esperança Do índio quebra que a vida surra na calma Se o Sol é um poncho que aquenta carne e osso O frio do inverno não logra o calor da alma Mas, menos mal, que a primavera é uma esperança Do índio quebra que a vida surra na calma Se o Sol é um poncho que aquenta carne e osso O frio do inverno não logra o calor da alma