Quem plantou asas de abelhas Colheu surpresas de mel Quem plantou sementes n'água Colheu barcos de papel (quem teve braços, e enxadas, E dedos de saraquá Viu nascer flores nos trevos E agulhas nos gravatás) Quem plantou pães para o trigo E vinhos para os parrais Sabe que o pão que alimenta Pode matar logo mais (quem teve braços, e enxadas, E dedos de saraquá Viu nascer flores nos trevos E agulhas nos gravatás) Isso aprendi por mim mesmo Socando a terra em arado A semente é uma vertente Que se divide em dois lados À sombra de um pé de espinhos Nasce um ar de açucenas Que ao justo a terra conforta E aos maus a terra envenena (quem teve braços, e enxadas, E dedos de saraquá Viu nascer flores nos trevos E agulhas nos gravatás)