Vou contar uma passagem Na vida de dois irmãos Que viviam discutindo A respeito religião José, que era o mais velho Tinha a sua devoção Na hora dele deitar Fazia sua oração O seu irmão Durvalino Falava, dando risada Deixe de falar sozinho Isto não adianta nada É melhor você ir dormir Pra acordar de madrugada Eu não vou perder o sono Pra ouvir conversa fiada Se você não acredita Não obrigo a acreditar Mas que existe outro mundo Pra você quero provar Se um dia eu morrer primeiro Minha alma se salvar Vou fazer uma surpresa Que você não vai gostar Um dia, José foi embora E pro seu irmão falou Fique com esse relógio Lembrança do nosso avô E nunca mais se encontraram E os anos se passou O relógio desmanchado Na parede ali ficou Certa noite, o Durvalino Acordou muito assustado Ouvindo aquelas batidas Devagar, bem compassadas Contou doze badaladas Seu corpo ficou arrepiado Meia-noite que marcava No seu relógio quebrado Passou a noite nervoso Com o que lhe aconteceu No outro dia, cedinho Um telegrama recebeu Abriu pra ver o que era Seu corpo estremeceu Dizia que à meia-noite Seu irmão José morreu