Recebi uma carta Que veio lá de Pardinho Pra terminar uma empreitada Que eu peguei com Ferreirinha Pra buscar aquele mestiço No campo do espraiadinho Aquilo no coração Atravessou como espinho Não tinha mais companheiro Tinha que seguir sozinho Por não ter outro vaqueano Resolvi ir no redomão Trouxe o potro na mangueira Lacei e passei no mourão Arriei com garantia Duas barrigueiras e um chincão Quando ganhei o arreio O potro virou um leão Preguei a espora no peito Pra limpar meu coração Sozinho praqueles campos Bati todos malhador Achei o lugar fresquinho Onde o mestiço pousou Segui a batida do boi Que desceu pro bebedor O mestiço vinha vindo E de longe me avistou Lembrei do Ferreirinha E a coragem redobrou O mestiço furioso Pro meu lado ele partiu Que nem faísca de raio No potro ele investiu Joguei o laço de tirão Que os tentos até rangiu A laçada fez um oito Quando nas guampas caiu O redomão veicava Virava de corrupio Com o boi no chinchador Me custou pra por na linha Queria limpar meu nome Também o do Ferreirinha Terminar aquele trabalho Empreitada tão mesquinha Labutei com o mestiço Com traquejo que eu tinha Depois de muito trabalho Que mostrei a ciência minha Ao passar uma restinga O potro e o boi levei Naquele lugar fresquinho Que morto o rapaz achei Soluçando de saudade Uma cruz ali finquei Com a ponta da minha faca Essas palavras eu gravei Descansa em paz, Ferreirinha Que a empreitada eu terminei