Cezar e Paulinho

Companheiro do Ferreirinha (part. Tião Carreiro)

Cezar e Paulinho


Recebi uma carta
Que veio lá de Pardinho
Pra terminar uma empreitada
Que eu peguei com Ferreirinha
Pra buscar aquele mestiço
No campo do espraiadinho
Aquilo no coração
Atravessou como espinho
Não tinha mais companheiro
Tinha que seguir sozinho

Por não ter outro vaqueano
Resolvi ir no redomão
Trouxe o potro na mangueira
Lacei e passei no mourão
Arriei com garantia
Duas barrigueiras e um chincão
Quando ganhei o arreio
O potro virou um leão
Preguei a espora no peito
Pra limpar meu coração

Sozinho praqueles campos
Bati todos malhador
Achei o lugar fresquinho
Onde o mestiço pousou
Segui a batida do boi
Que desceu pro bebedor
O mestiço vinha vindo
E de longe me avistou
Lembrei do Ferreirinha
E a coragem redobrou

O mestiço furioso
Pro meu lado ele partiu
Que nem faísca de raio
No potro ele investiu
Joguei o laço de tirão
Que os tentos até rangiu
A laçada fez um oito
Quando nas guampas caiu
O redomão veicava
Virava de corrupio

Com o boi no chinchador
Me custou pra por na linha
Queria limpar meu nome
Também o do Ferreirinha
Terminar aquele trabalho
Empreitada tão mesquinha
Labutei com o mestiço
Com traquejo que eu tinha
Depois de muito trabalho
Que mostrei a ciência minha

Ao passar uma restinga
O potro e o boi levei
Naquele lugar fresquinho
Que morto o rapaz achei
Soluçando de saudade
Uma cruz ali finquei
Com a ponta da minha faca
Essas palavras eu gravei
Descansa em paz, Ferreirinha
Que a empreitada eu terminei