Eu não caio do cavalo Nem do burro e nem do galho Ganho dinheiro cantando A viola é meu trabalho No lugar onde tem seca Eu de sede lá não caio Levanto de madrugada E bebo o pingo de orvalho Chora viola Não como gato por lebre Não compro cipó por laço Eu não durmo de botina Não dou beijos sem abraço Fiz um ponto lá na mata Caprichei e dei um nó Meus amigos eu ajudo Inimigo eu tenho dó Chora viola Quem tem mulher que namora Quem tem burro empacador Quem tem a roça no mato Me chame, que jeito eu dou Eu tiro a roça do mato Sua lavoura melhora E o burro empacador Eu corto ele na espora E a mulher namoradeira Eu passo o couro e mando embora Bahia deu Rui Barbosa Rio Grande deu Getúlio Em Minas deu Juscelino E de São Paulo eu me orgulho Baiano não nasce burro E gaúcho é o rei das coxilhas Paulista ninguém contesta É um brasileiro que brilha Quero ver cabra de peito Pra fazer outra Brasília Burro que fugiu do laço Tá debaixo da roseta Quem fugiu de canivete Foi topar com baioneta Já está no cabo da enxada Quem pegava na caneta Quem tinha as mãozinhas finas Foi parar na picareta Já tem doutor na pedreira Dando duro na marreta A coisa tá feia, a coisa tá preta Quem não for filho de Deus Tá na unha do capeta Quem foi o rei do baralho Virou trouxa na roleta Gavião que pegava cobra Já foge de borboleta Se o Picasso fosse vivo Ia pintar tabuleta Bezerrada de gravata Que se cuide, não se meta Quem mamava no governo Agora secou a teta A coisa tá feia, a coisa tá preta Quem não for filho de Deus Tá na unha do capeta