O destino aqui me trouxe Cantar pra vocês eu vou Eu só trouxe coisa boa Foi meu sertão quem mandou... É isso que o povo quer É isso que eu vou cantar O povo pede alegria, alegria eu vou mandar Eu canto oque o povo pede, oque eu peço o povo dá Pra cantar gostoso de longe eu vim Pagode bonito Tem que ser pra mim O fim do começo tem que ser assim O que tem começo tem que ter um fim No fim da cachaça vem a gandaia No fim do mar, começo da praia É no fim do joelho o começo da saia O fim de um artista é o começo da vaia Gavião da minha foice não pega pinto Também a mão de pilão não joga peteca O cabo da minha enxada não tem divisa As meninas dos meus olhos não tem boneca A bala do meu revólver não tem açúcar No cano da carabina não vai torneira A porca do parafuso nunca deu cria Na casa do joão de barro não tem goteira Jacaré carrega serra mas nunca foi carpinteiro O bode também tem barba e não precisa ir ao barbeiro Galo também tem espora mas nunca foi cavaleiro Sabiá canta bonito mas não pode ser violeiro Vigário faz casamento mas vive todo solteiro Quem tem mulher que namora Quem tem burro empacador Quem tem a roça no mato me chame Que jeito eu dou Eu tiro a roça do mato sua lavoura melhora E o burro empacador eu corto ele de espora E a mulher namoradeira eu passo o couro e mando embora Eu não caio do cavalo nem do burro e nem do galo Ganho dinheiro cantando a viola é meu trabalho No lugar onde tem seca eu de sede lá não caio Levanto de madrugada e bebo um pingo de orvalho Chora viola No meio de ferro e fogo a luta é deliciosa Bala bate no meu peito e vira medalha honrosa Se alguém me atira pedra faço virar uma rosa Quanto mais tombo eu caio acho a vida mais gostosa Preto bebe porque gosta Branco porque aprecia Mas tem preto e tem branco que não tem essa mania Preto e branco em nossa terra tem a mesma regalia O Sol nasceu para todos, todos tem a luz do dia É no preto e no branco que o nosso Brasil confia A cor que temos na pele é a natureza quem trás Tudo aquilo que Deus fez não tem ninguém que desfaz Seja preto ou seja branco nos somos todos iguais Eu não tenho preconceito, tanto fez ou tanto faz Se tem preto que perturba tem branco chato demais Burro que fugiu do laço ta debaixo da roseta Quem fugiu de canivete foi topar com a baioneta Já está no cabo da enxada quem pegava na caneta Quem tinha mãozinha fina foi parar na picareta Já tem doutor na pedreira dando duro na marreta A coisa tá feia, a coisa tá preta Quem não for filho de Deus tá na unha do Capeta Vai pagode vai pagode encher o mundo de beleza Levando só alegria, pra dar um tombo na tristeza