No meio da noite, na tela um clarão Frio da madrugada atravessa o edredom Meio desacordado, mas ainda ta bom Um trago no cigarro e as ideia a milhão Paro e reflito em tudo que surge na minha frente E rimo os delírios que vierem na minha mente Vários que se perdem por moeda e boceta Numa sociedade louca e violenta Sangue derramado nos bueiros e sarjetas Vidas acabadas no estalo da bereta Viela esquecida largada no tempo Barriga vazia a mente quer alimento Filha mata a mãe, pai molesta o filho Todas as esperanças afundadas no abismo Capital nos negam, os manos saem buscar Polícia emboca, é morrer ou matar Perder sua vida na porta giratória Três tiros nas costas, uma morte sem glória Estado divido entre esquerda e direita Esses liberais são uma só seita E não há esperança na busca da cura Se até estupro é chamado de cultura Então tu se esperta e fica ligado A minha revolta não deixo de lado Tambor cheio de rima, mente engatilhada Melhor tu rezar, vou fazer um estrago Se as minas reclamam de um Jack safado Vou querer o bosta com coro furado Os braços amarrado sendo torturado Perante essa merda eu que tô errado? Então que se foda, nem fico bolado Se o santo é forte, ou amaldiçoado Pra mim tanto faz, eu sigo ligado Quer bater de frente, então vem bem armado Sei que vai vir um falar de razão Mas eu não aceito essa condição Com a mente trancada numa solitária Vivendo a vida de forma precária Agindo no erro de forma contrária Do que se pregava antes de crescer É o que sobrou para mais um que sonhou Servir a marinha ou marcar um gol Pela sua nação se tornar campeão Só que a mesma só oferece exclusão Tanta podridão, vou sem compaixão Se a porra do mundo está na contramão Na troca de tiro, dois manos de toca Gastando projetil, para ganha a boca Duas quadras para cima, família burguesa Se esconde no quarto e embaixo da mesa Dois corpos estirado na esquina da vila Só cola ladrão, não entra polícia O bang. É organizado, ninguém tem preguiça Então fica ligado, vê bem onde pisa Outro Superman, ali alvejado Desacredito e então foi cobrado Já não é questão de certo ou errado Depois que cê cruza para o outro lado Pra apaga da lista é só mover o dedo Quem pega o costume escreve o roteiro De qualquer maneira o fim é certeiro Cano frio no peito, te vejo no enterro A crença no homem virou uma aposta No mesmo momento que surgiu a pólvora Analisa a história e presta a atenção Que a porra do mundo é manipulação Essa escravidão, violência em vão Já estava prescrita para o jogo irmão Lei áurea uma farsa, liberdade ilusão Povo é peça, dos meios de produção Aqui tem corpo na vala Criança dentro de mala Policia mata por tara E disso aqui ninguém fala O poder vem da metralha Burguês nos passa a navalha Povo aceita migalha Comemorando medalha Aquela parte da minha mente, que sempre funcionou Apresento defeito, e parece até que travou Meus braços amarrados me deixam parado Enquanto com meus olhos eu pinto esse quadro Sem diferenciar se tô acordado ou dormindo Entre as quatro paredes que formam esse recinto Durante as minhas tardes eu continuo refletindo Já que perco a minha vida largado nesse hospício