Célio Cruz

Viagem

Célio Cruz


Como se fosse
Mansa travessia
O dia chegava
Tão morno ao teu corpo
Num sopro rasteiro
Janeiro de sol
Que lambia teus pelos
E vê-los assim
Foi o meu despertar
E no ar repousava
Calada canção
Comunhão de mormaço e amor

Sonhar teus segredos
Desejo de cais
Onde meu desespero
Banzeiro se faz

Brasa de estrela
E tê-la a brilhar
Viajar teu caminho
Sozinho a remar
Mirar tuas mágoas
Nas águas revoltas
Que soltas, escuras
Procuras reter
E esconder que eu conheço
E mereço a imagem
Paisagem que vou navegar