O barco deixa Cacilhas E navega poucas milhas Até chegar a Lisboa; Trespassa as águas o rio Que a noite veste de frio E que a saudade abalroa Á proa dum cacilheiro Vejo o Castelo altaneiro Roubando a luz ao sol-posto E eu fico tão sozinha Que até a noite se aninha Nos braços do meu desgosto Talvez se eu esticar o braço Possa o Terreiro do Paço Vir dormir na minha mão Ou talvez ao ver a Estrela Eu sinta que basta vê-la P'ra espantar a solidão