Cauê Moura

DELÍRIO

Cauê Moura


Eu corro pelos meus
Onde é que tá seu Deus?
Lambendo a bota da nobreza
Enquanto são plebeus

Em seu delírio coletivo
Passa pelo crivo
De quem segue o livro
Já to pronto pra queimar pneus

Já não me sinto bem
Meu ódio foi além
Cês me oferecem codeína
Eu quero um voltarem

O povo todo é um fracasso
Que aplaude o carrasco
E tudo é perdido
Like tears in the rain

Uma inversão completa
Dos valores básicos
História vem se repetindo
Como os clássicos

Pessoas morrem na sarjeta
Enquanto você faz careta
E veste verde e amarelo
Protestos práticos

Cês querem ver o circo em chama?
Eu quero ver se cês acorda ou cai da cama
Recentemente me assusta o panorama
Se pá vocês merecem mesmo afundar na lama

Quando cê aponta um dedo
Tem outros 4 em você
Melhor fechar o punho logo
E botar pra fuder
Violência não, falo de revolução
Avião sem combustível, imponente
Mas não sai do chão

Tô tipo o justiceiro
Só procurando os culpados
Se não achar um podre agora
Eu reviro o passado

To fazendo um dueto
Com um dos esqueletos
Que tava bem preso no armário
E não tá mais guardado

Não engulo seu papo
Vou precisar de um engov
A gasolina era do jato
E foi pro molotov

Eu corro pelo certo
Minha vida é um livro aberto
Última vez que eu tive paz foi em 2009

A consequência vem
Depois da ação

Questionamento é melhor
Do que convicção

Sei que a verdade dói
Mas não tento ser herói, não
Eu já vivi o suficiente pra virar vilão

As vezes até parece que eu falo russo
A intenção era ter feito eu me senti avulso

Sobreviver ta osso e eu até cai no poço
Só pra chegar bem la no fundo
E pegar impulso

Caneta na mão
De mic plugado
Vê se pega a visão

Bola pra frente
Sai do passado
Quebra sua televisão
Preconceitos que ficam no chão
Tira o ódio do seu coração

A vida é uma luta
Brigado van damme
To querendo ser campeão

Ah
Nada perfeito
Pelo contrário, tamo na evolução
Batendo no peito e peitando os otário
Plano perfeito em ação

Primeiro comunicação
Tirania aqui não vacilão
Se o povo se liga e se junta
Planalto Central vira Afeganistão

Palavras quebrando correntes ou dentes no meio, pra mim tanto faz
Parceiros ou adversários
Depende somente dos seus ideais
Não to querendo nada de mais
Nos vamo degolar o Capataz
Tomei o comando do bonde porra
Vai pro banco de trás

Duvide até da própria sombra
Não siga ninguém
E nem calibre o seu compasso
Em forças do além
Uns arrombado disfarçando
E mal intencionado
Eu tenho medo memo é do cidadão de bem

Sem esse papo bosta, que o universo pune
Se a gente fica quieto, os arrombado fica imune

A verdade serviu pra preencher o vazio: Brasil
Minhas palavra é crua memo não tem autotune

Cê tá ligado que assim não vai pra frente, eu sei
Eu vou morrer sabendo que pelo menos tentei
Let the chips fall where they may

Eu tenho um Tyler que é inspiração no som e o outro é meu sensei

Meu clube ta de porta aberta e não é secreto
Única regra aqui é que o papo tem que ser reto
So não é bem-vindo os patriarca com ego no teto
Que ta cagando pras crianças mas tem do de feto

O seu cretino do caralho
Vê se me escuta
Hipocrisia causa morte e atrasa a luta

Por um mundo que valoriza as conduta, que inclui todo mundo não só esse bando de filha da puta

Eu to ligado que o cenário é cada vez mais bosta
O mundo ta me dando mais pergunta, que resposta

Tentei ser prático, mas cês preferiam o sádico
Ultimamente eu gosto memo
Quando cês não gosta

Sozinhos somos fracos
Juntos somos relevantes
Se vi mais longe
É porque tava em ombro de gigantes
Os opressores serão coadjuvantes
A esperança é quem vai por último
Cês morrem antes