Idade de quinze anos muita lembrança me dá Carro de boi no areião eu gostava de escutar Seu cantar entristecido a boiada devagar Eu já éra candieiro este fato eu vou explicar Os gemidos dos cocão fazia boi cuchilar Pra fazer todo transporte passava em qualquer lugar Com a vara de ferrão fazia boi encostar Quando éra perigosa a serra pra atravessar Eles eram todos mestres facinho de dominar Esta vida de carreiro ficou na estória pra contar Mas pra mim ficou distante precisei abandonar Os anos vão se passando e os carros foram desprezados Está tudo modificado precisamos conformar Que as estradas pra cidade governo mandou asfaltar E já é até proibido criação nelas passar Quando chega a tardezinha já quase no sol entrar Sento na porta do rancho e vejo o meu gado pastar Um bando de marrequinho nos ares atravessar Logo a lua vem surgindo e o sertão pega a clarear Nas noites de lua cheia saudade vem me judiar Se a noite é calorosa eu espero refrescar Eu já faço a minha prece na rede vou descançar Com esperança de outro dia com saúde levantar Pra seguir com meus trabalhos e os apuros eu não passar Eu planto e faço negócio pra aumentar meus capitais