Preta, pinta O mundo com seu tom Que essa tua negra tinta Fará brotar a cor nesta cidade, cinza Que tanto te negou, mas ôh preta pinta Carta marcada e calada, infância tão sabotada Pinta de arte amada, nessa cidade cercada de dor Cor preta da pele, história que cê sabe de cor Quem desconhece olha estranha e ainda sente dó O eu to cansada com esse papo de quem sente dó No fim das contas Percebemos que ainda estamos só Mas eu espero que essa força venha da união E que a tigresa possa mais que porra do leão Preta, pinta O mundo com seu tom Que essa tua negra tinta Fará brotar a cor nesta cidade, cinza Que tanto te negou, mas ôh preta pinta Estrela que brilha, clareia a trilha Ilumina e guia o meu caminhar Alumia um pouquinho esse meu caminho Me dê uma luz é difícil enxergar Quanto mais eu ando, mais escuro fica Me dê uma dica pra poder seguir Não sei o que faço Se ando, se paro, se corro, se sigo ou se fico aqui Tome minha boca pra que eu só fale Aquilo que eu deveria dizer Tome a caneta, a folha, o lápis Agora que eu comecei a escrever Que eu nunca me cale O jogo só vale Quando todas as partes puderem jogar Sou mina sou preta Essa é minha treta Me deram um E eu vou cantar Canto pela tia que é silenciada Dizem que só a pia que é seu lugar Canto pela mina que é da quebrada Que é violentada e não pode estudar Canto pela preta gostosa sarada Objetificada, que tem que sambar Dona de casa, que lava e que passa Mas fora do lar não pode trabalhar Preta, pinta O mundo com seu tom Que essa tua negra tinta Fará brotar a cor nesta cidade, cinza Que tanto te negou, mas ôh preta pinta Preta, pinta O mundo com seu tom Que essa tua negra tinta Fará brotar a cor nesta cidade, cinza Que tanto te negou, mas ôh preta pinta