Ai ai ai ai Meu destino é meu cantar Vou fazer os meus versinhos Para a alma se alegrar Já botei brasa no ferro Pra passar a minha roupa É verdade que é de estopa Mas dá bem pra se usar Sou palhaço Mateus Tô brincando pela rua Pinga-fogo, cravo branco Alecrim e branca Lua Catirina meu amor Carne-seca na janela Meu caroço na titela Meu ferrão no calcanhar A minha buchudinha É pele e osso, somente Quer comer língua de boi Dizendo que tá doente Mulher, esse desejo Vai trazer-me confusão Esse boi é do patrão No meu lombo, cai jucá Ela deu muxoxo Me enfrentou com cara feia Corta a língua do boi Se não quer entrar na peia Ai ai ai ai Meu destino é meu cantar Vou fazer os meus versinhos Para a alma se alegrar Cortei a língua do boi Ai, que dor no coração Ela comeu com pirão Foi pra rede se deitar Recebi um portador Patrão mandou lhe chamar Você vai lá na fazenda Ou ele aqui vem te buscar Fui na casa da fazenda O patrão falou bufando Já morreu meu soberano Agora você vai pagar Respondi logo na bucha Tenha fé, se avexe não Eu levanto esse boi Nem que seja a pescoção Recitei ao pé do boi Ladainhas da Bahia Foi bater em ferro frio Mais ainda o boi fedia Cantei hino de louvores Retiro espiritual Quanto mais a fé crescia Mais cheirava o animal Ai ai ai ai Meu destino é meu cantar Vou fazer os meus versinhos Para a alma se alegrar Bati uma macumba Do codó do Maranhão Convidei um sacristão Para poder me ajudar Fiz até o sapo-seco Rezei rosário do avesso Fiz promessa, penitência Missão, novena e terço Falei para o patrão Já vou me desiludindo Revertério no intestino É melhor doutor olhar O homem disse assim Mas comigo ninguém pode Já que o boi não vai andar Vou lhe torar o bigode Catirina me salvou Trazendo um treco na mão Parecido com injeção Começou a me explicar Igual essa ninguém tem Veio lá tô estrangeiro Chama-se levanta boi E a receita é no traseiro Ai ai ai ai Meu destino é meu cantar Vou fazer os meus versinhos Para a alma se alegrar Falei para o patrão Olha do boi o anel Acocha bem esse cristel Quando o rabo eu levantar Ele não acreditou Mas fez tudo direitinho Foi um papoco danado Ai, coitado do boizinho Foi um santo remédio Não sei o que aconteceu Boi berrou, pulou, correu Ninguém mais pode pegar Esse remédio bendito Todo mundo pode usar Nitroglicerina pura Verdadeiro boi-bumbá Cantei os meus versinhos Um pouco desengonçado Me perdoe os pé-quebrado Depois mando encanar Quem não gostou Não me faça confusão Senão mando catirina Lhe aplicar uma injeção Ai ai ai ai Meu destino é meu cantar Já cantei os meus versinhos Para a alma se alegrar