Carreiro e Carreiinho

Rei do Café

Carreiro e Carreiinho


Para o senhor rei do gado
Aqui vai minha resposta
O que eu penso a seu respeito
Eu não digo pelas costas
O senhor saiu do bar
Sem ouvir minha resposta
Saiba que este seu criado
Não tem medo de aposta
Se eu ganhar qual é a vantagem?
E perder ninguém não gosta

O que disse o almofadinha
Por mim não foi endossado
Se eu quisesse lhe ofender
Não ia lhe mandar recado
Quem mexe com marimbondo
Deve esperar o resultado
Creio que o senhor se esquece
Meu amigo, rei do gado
Que o rei para ser rei
Precisa ser muito educado

É coisa que eu acho feio
Um rico fazer cartaz
Não me acanho em lhe dizer
Que já fui peão em Goiás
Já montei em burro xucro
Até de cara pra trás
Se eu tirar minha camisa
No peito mostro sinais
De guampa de boi cuiabano
Lá na zona dos pantanais

Quando eu vejo um cafezal
Num poeirão de uma boiada
Me orgulho ser imigrante
Nesta terra abençoada
Também já tomei cachaça
Tirando boi de arribada
Se a balança do Brasil
Por café for ameaçada
Eu corto meus cafezais
Transformo tudo em invernada

Deixe de apostar, amigo
Não queira dar um passo errado
Vamos lutar ombro a ombro
Por este solo abençoado
Apesar de eu ser estrangeiro
Aqui quero ser enterrado
Onde brota o ouro verde
Nosso café afamado
Que dá glória pro Brasil
Além fronteira do outro lado