Carmina Burana

Fortune plango vulnera

Carmina Burana


Fortune plango vulnera
stillantibus ocellis
quod sua michi munera
subtrahit rebellis.
Verum est, quod legitur,
fronte capillata,
sed plerumque sequitur
occasio calvata.

In Fortune solio
sederam elatus,
prosperitatis vario
flora coronatus;
quicquid enim florui
felix et beatus,
nunc a summo corrui
gloria privatus.

Fortune rota volvitur:
descendo minoratus;
alter in altum tollitur;
nimis exaltatus
rex sedet in vertice
caveat ruinam!
nam sub axe legimus
Hecubam reginam.

Choro as feridas da Fortuna
Com os olhos rútilos
Pois que o que me deu
Ela perversamente me toma.
O que se lê é verdade:
Esta bela cabeleira,
Quando se quer tomar,
Calva se mostra.

No trono da Fortuna
Sentava-me no alto,
Coroado por multicores
Flores da prosperidade;
Mas por mais próspero que eu tenha sido,
Feliz e abençoado,
Do pináculo agora despenquei,
Privado da glória.

A roda da Fortuna girou:
Desço aviltado;
Um outro foi guindado ao alto;
Desmesuradamente exaltado
O rei senta-se no vértice -
Precavenha-se contra a ruína!
Porque no eixo se lê
Rainha Hécuba.