Carlos Quintas

Vou Beijar a Mouraria

Carlos Quintas


Vou beijar a Mouraria
No seu corpo de cigana
Vou ouvir a ventania
Que assobia, nos becos sem luar da sua cama
Essa fogueira, que acendeia
O porto do seu corpo à beira rio

É a Severa, e tudo é seu
O Sol, as ruas e os pombos nos beirais
A voz do fado, que Deus lhe deu
Os recantos das vielas e os suspiros nos portais

É a Severa, de saia encarnada
Argolas de ouro, para dar na vista!
É de briga, é amiga, é irmã da madrugada
É a Severa, é cigana, é fadista

Vou tocar essa guitarra
E arredondar a sua anca
Que terei sair a farra, sem amarra
Gaivota de pele morena e pena branca

Vou provar a rebeldia
No seu beijo, liberdade
O sabor da maresia, leve e fria
Do fruto que o amor chamou de saudade

É a Severa, e tudo é seu
O Sol, as ruas e os pombos nos beirais
A voz do fado, que Deus lhe deu
Os recantos das vielas e os suspiros nos portais

É a Severa, de saia encarnada
Argolas de ouro, para dar na vista!
É de briga, é amiga, é irmã da madrugada
É a Severa, é cigana, é fadista

É a Severa, e tudo é seu
O Sol, as ruas e os pombos nos beirais
A voz do fado, que Deus lhe deu
Os recantos das vielas e os suspiros nos portais

É a Severa, de saia encarnada
Argolas de ouro, para dar na vista!
É de briga, é amiga, é irmã da madrugada
É a Severa, é cigana, é fadista