Vou beijar a Mouraria No seu corpo de cigana Vou ouvir a ventania Que assobia, nos becos sem luar da sua cama Essa fogueira, que acendeia O porto do seu corpo à beira rio É a Severa, e tudo é seu O Sol, as ruas e os pombos nos beirais A voz do fado, que Deus lhe deu Os recantos das vielas e os suspiros nos portais É a Severa, de saia encarnada Argolas de ouro, para dar na vista! É de briga, é amiga, é irmã da madrugada É a Severa, é cigana, é fadista Vou tocar essa guitarra E arredondar a sua anca Que terei sair a farra, sem amarra Gaivota de pele morena e pena branca Vou provar a rebeldia No seu beijo, liberdade O sabor da maresia, leve e fria Do fruto que o amor chamou de saudade É a Severa, e tudo é seu O Sol, as ruas e os pombos nos beirais A voz do fado, que Deus lhe deu Os recantos das vielas e os suspiros nos portais É a Severa, de saia encarnada Argolas de ouro, para dar na vista! É de briga, é amiga, é irmã da madrugada É a Severa, é cigana, é fadista É a Severa, e tudo é seu O Sol, as ruas e os pombos nos beirais A voz do fado, que Deus lhe deu Os recantos das vielas e os suspiros nos portais É a Severa, de saia encarnada Argolas de ouro, para dar na vista! É de briga, é amiga, é irmã da madrugada É a Severa, é cigana, é fadista