No teu cabelo arde um astro cansado de dar luz ao dia Há um lago perdido nas noites que acabam antes da manhã Há um rio que corre nas margens da raiva da minha alegria Um canteiro de rosas sangrando aromas de mel e hortelã Nas minhas mãos os teus seios despertam toda a claridade Que entra no quarto e estende na cama lençóis de ternura Eu mordo o teu peito e beijo o teu ventre e sinto a ansiedade Das horas de amor em que ambos ardemos até à loucura És uma corsa estranha força despida de mágoa Mulher que na cama és um rio, mas também és um barco Em ti descubro a fronteira que existe entre o sangue e a água Coração destas flechas que aponto com fúria e sem arco És o amor que umas vezes destruo e outras vezes invento Eu não sei onde vives, não sei onde moras, de ti não sei nada, Sei apenas que das mãos abertas, nem força nem vento Me podem roubar o teu corpo cor da madrugada. É em ti que começa a aventura do amor quase louco É em mim que a loucura se acende em fogueira e castigo Porque morro de amor, meu amor se me falta o teu corpo Vivo apenas das noites de amor que faço contigo