Aqui onde floresço quando o Sol rompe a janela Como se o tempo me pintasse numa tela Lentamente Aqui esta tristeza sensual é mais serena Porque a saudade se respeita e não tem pena De quem sente Aqui, melancolia semeada campos fora Cantada ao povo e segredada a qualquer hora À gargalhada de um sarcasmo ao pé da porta Aqui sente-se o quente a apertar-nos a garganta Nesta verdade desarmante que agiganta A força louca da paisagem quase morta Aqui desta janela onde se avista a liberdade Ainda vale a pena amanhecer No mais mordaz silêncio que vivi Aqui torna-se urgente uma certa crueldade Quando se parte sem chegar a conhecer O doce encanto que roubei e ofereci Aqui onde o meu corpo Não tem culpa e quer morrer