Por esta verga rotineira em que caminhas Como boi manso ponteando a lavração Vira e revira no silêncio do arado A nova terra para outra plantação. Neste rosto existem rugas que são vergas E pelas veias do teu corpo correm rios Os grossos dedos de tuas mãos são como adagas Cortando a terra e as tranqueiras com seus fios. Pequeno agricultor, tu és o grande Plantador da nova roça que sonhamos Do calo de tuas mãos há de brotas O fruto da justiça que buscamos. Tem muita gente que é mais árida que a terra Quando te explora, te expulsa e te maltrata A terra bruta, como o homem não se entrega E vai um dia vingar de quem a mata. Quanto se aprende olhando claro em nossa volta Semente frágil se transforma em linda fruta Neste entrevero de homens, plantas e de bichos Brota a certeza de que a vida é sempre luta.